Contornar as limitações

Na semana passada celebrei o meu aniversário, e como todos os anos, há coisas que gosto de fazer para celebrar a minha vida, a minha vinda à luz e ao planeta Terra.

Gosto de reservar o dia para mim, para me mimar e estar com quem gosto.

Gosto de ir à praia e tomar um bom banho de mar e de sol.

Gosto de me libertar dos afazeres domésticos, em especial o de cozinhar e mimar-me com comida prepara pelos outros.

Este ano decidi também, que me ia oferecer um tempo para receber uma massagem, pois há já imenso tempo (mais de um ano…) que não recebo uma. Sei que muitos consideram uma massagem como um luxo, mas para mim, uma massagem é como uma terapia onde as tensões são eliminadas e a nossa energia realinhada, o que só por si tem um efeito medicinal. E mesmo que seja um luxo, quem não merece um?

Mas este ano, cada um destes objetivos parecia não ter pernas para andar, ou seja, não via forma de os manifestar.

Primeiro foram as restrições na área metropolitana de Lisboa devido ao vírus, que me impediu de ir jantar fora com a minha família, como costumamos fazer. Rendi-me e aceitei de bom grado fazer o jantar em minha casa. Sinceramente até me admirei por não me passar com esta limitação, pois por mais que tente, organizar um jantar em minha casa para tantos (sim… somos mesmo muitos só contando com os mais diretos) implica ir para a cozinha incluindo toda a envolvência de preparativos em modo pré, e arrumações em modo pós, coisa que eu tento evitar no meu dia de anos… Mas desta vez, foi algo que me deu imenso prazer e recebi muitas ajudas, quer nos preparativos, quer nas arrumações. Imensa gratidão a estes lindos anjos ajudantes!

Depois foi a ida à praia para o tal banho de mar e de sol…. A meteorologia previa céu muito nublado, chuva e baixa de temperatura…. Oh céus…! Estava fora de questão ir à praia com tal previsão.

Já para não falar no desejo (que me passou pela cabeça…) de ir ver o sol nascer…. Qual sol, qual carapuça! Com tantas nuvens, o sol nasceu sim, mas em Lisboa estava bem escondido. Missão abortada!

E a massagem…? Bem… essa ficou mesmo adiada, porque onde costumo ir estava fechado e só abria na semana seguinte, e um outro lugar que me sugeriram também estava sem marcações disponíveis, ou seja não tive qualquer hipótese de receber uma massagem.

Contornar as limitações

Se houve tempos em que esta panorâmica me deixava frustrada e com um misto de tristeza e zanga, senti que desta vez simplesmente deixei fluir e qualquer uma das limitações que foram surgindo, não me abalaram de forma alguma. Antes pelo contrário, fui arranjando alternativas viáveis e que me deram igualmente, ou ainda mais prazer.

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Beleza, Sensualidade e Prazer – dons ou pecados?

Há uns tempos fiz uma meditação sobre o sagrado feminino, que falava sobre a beleza, a sensualidade e o desejo.

A dado momento era me perguntado o que eu sentia, e como eu me sentia em relação à sensualidade, a sentir desejo e à beleza em mim.

Dei por mim ao responder em nome da minha criança interior, que ainda tem feridas a cicatrizar, o quanto ainda sinto algum desconforto em me sentir sensual, de sentir desejo ou de me sentir bela, como algo natural e parte integrante de mim. E tu? O que responderias?

Não nego que me sinto bela, e que me sinto bem com o meu corpo e com a minha beleza, mas ainda há algum desconforto em mim que se eleva, quando se lembra dos episódios de assédio que passei. Por vezes esse assédio ainda me incomoda, sobretudo quando é feito através das redes sociais.

Durante uma parte da minha vida, senti que a sensualidade era algo que estava relacionado só com o acto de seduzir para “atrair o macho”, logo uma arte mais dedicada à sexualidade e aos prazeres carnais.

Já para não falar no desejo…. Esse então, segundo me foi incutido, é coisa do demo 😊

Ai meu Deus…. A sociedade em que fui/fomos criados…..!

Dei por mim a mergulhar neste assunto…, no final de contas, era esse o intuito da meditação.

Comecei a olhar para a vida, através dos olhos do coração e despida dos rótulos da sociedade patriarcal, que algures no tempo distorceu este tema a favor de algum ideal, mas que sobre o qual não vou investir energia nem aqui, nem agora.

Se eu olhar para TUDO o que existe à superfície da Terra, eu consigo ver beleza e perceber que há beleza em tudo, até mesmo na escuridão e no caos. Na escuridão, todos os nossos sentidos ficam apurados. Se conseguirmos ficar descontraídos na escuridão, conseguimos sentir aromas que não tínhamos percebido antes, assim como a nossa audição fica mais desperta e até poderá ser possível conseguirmos distinguir algumas formas.

Ver a beleza do caos, é um pouco mais complicado pois é preciso compreender e acreditar que todo o caos traz vida nova, e novas oportunidades, e nem sempre estamos despertos para isso.

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O dia em que fiz as pazes com Deus

Fui educada na religião católica. Batizada, primeira comunhão, crisma…. percorri, por assim dizer o percurso todo. O meu pai, foi educado num convento. Ali estudou até à idade adulta, mas tirando o meu casamento, não me lembro de o ver a frequentar a igreja (o que sempre me espantou, mas no entanto, nunca me contou a razão).

Cresci a pensar que tínhamos de ser muito bons, senão Deus castigava e íamos para o inferno. Na catequese, foi-me ensinado que era necessário haver a prática de confessar regularmente os meus pecados a um padre, para me purificar. Lembro-me de em vésperas de festividades, sempre que havia o tal momento da confissão, ter imensa dificuldade em enumerar os meus pecados. Pensando bem… qual será a criança que tem assim pecados para confessar?…

Ao crescer, comecei a perceber que as pessoas que iam à missa e que tinham um comportamento exemplar na igreja, cá fora nem sempre se passava o mesmo. Lembro-me inclusive de assistir a atitudes de julgamento e desrespeito por um ser humano, geradas pelo próprio padre em plena celebração da missa.

Zanguei-me com o padre. Zanguei-me com a igreja. Estava na adolescência e deixei de ir à missa. Voltei uns anos mais tarde, pelas mãos de amigos que pertenciam ao grupo de jovens da igreja, com a promessa de que o novo padre era fixe. Cheguei a cantar no coro da igreja. Mas o tal bichinho que se revolvia com algumas situações, ainda estava dentro de mim e causava-me comichões.

Casei pela igreja, eduquei os meus 3 filhos mais velhos na religião cristã. Ia à missa e até consegui convencer o meu marido a ir também (coisa que não fazia desde a infância). Mas houve um dia, em que me cansei de ouvir sempre o mesmo nas homilias: que nunca somos bons o suficiente; que Deus castiga; que o inferno e o purgatório são uma coisa horrível para quem não cumpre as regras (da igreja).

Zanguei-me de vez. Deixei de ir à missa. Zanguei-me com Deus por permitir que dentro da sua igreja houvesse pessoas que fazem mal a outras. Zanguei-me com Deus por julgar e punir. Que Deus mau é este? Não quero isto para mim, disse eu na altura.

Dentro de mim sempre houve algo que me dizia, que não podia ser assim tão mau, aquilo que a igreja me transmitiu. Que essa coisa da serpente, da culpada da Eva por ter dado ao Adão a maçã do paraíso, e da sentença do “parirás com dor”, era demasiado violenta e corrosiva.

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SER humano

Esta semana “crashei”.

Comecei a entrar em rotura interior comigo mesma. A embirrar com tudo o que me aparecia pela frente. Até o som do teclado (!!!) do meu marido, que está em teletrabalho, estava a ter em mim o mesmo impacto que um martelo hidráulico produz numa obra vizinha.

Saí. Tive de sair de casa para arejar as ideias.

Não fui a pé. Peguei no carro. Primeiro porque precisava de me sentir confortável, como num casulo e segundo, a ideia de apanhar chuva ou frio, não estava contemplada nas minhas necessidades. Se bem que goste de caminhar à chuva…! Mas precisava de estar comigo, a sós.

Conduzir acalma-me. Entro num estado meditativo que me proporciona clareza, e por vezes acontece-me canalizar informação, ideias que precisam vir à luz.

Mas acima de tudo, quando estou saturada de energia densa, preciso de ver o mar. Ver um espaço amplo e sem limites.

Tenho dias em que este confinamento faz-me sentir como um leão enjaulado. Nada me satisfaz e tudo me incomoda. Já alguma vez te sentiste assim?..

Este sentimento de “enjaulada” ajuda-me a fazer trabalho interior de auto-observação e a perceber, o que tenho de mudar em mim.

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Consciência, mesmo num gesto simples

Estamos já em 2021… Céus, como o tempo voa!…

Desejo que te encontres bem e que a celebração das festividades tenha sido acima de tudo, com muito amor e saúde, junto de quem amas e queres bem.

Estarmos bem é cada vez mais uma preciosidade. E muitos de nós já descobriram, que não é preciso ter grandes luxos materiais para nos sentirmos bem, certo? O básico, o confortável, o saudável e bom, é o essencial para o nosso bem-estar diário. Até porque luxo, não tem de ser sinónimo de um grande investimento financeiro, pois pode ser algo tão simples como estar na presença de alguém que nos é muito querido.

Este ano começo com um texto que talvez possa soar a contestação, mas é minha intenção trazer luz à forma de nos consciencializarmos dentro da sociedade em que vivemos.

Buzinar….

Vivo numa ponta desta cidade linda que é Lisboa, mas que é isso mesmo…., uma cidade com toda a sua azáfama. Parece que numa cidade andamos todos um pouco acelerados…

Se há coisa que me incomoda bastante, são as buzinadelas “fáceis” no trânsito e as ultrapassagens “à maluca” de quem vai cheio de pressa para algures. Já para não falar no ruido das sirenes dos veículos prioritários, que nos entram pelos ouvidos dentro, seja a que horas for – vá lá que durante o período noturno, a coisa abranda!

No outro dia, dentro de um estacionamento subterrâneo e por causa de algo tão banal, que já nem me lembro o quê, criou-se uma fila considerável. E eis que alguém se lembra de buzinar…. Oh céus! Por favor!!! Buzinar na rua já é o que é, mas buzinar dentro de um estacionamento…. É o verdadeiro caos para a sanidade dos nossos queridos ouvidos.

Não! Buzinar não resolve nada. Na maioria das vezes só atrapalha. Se tu conduzes, já reparaste que quando há trânsito e se ouve uma sirene ficamos todos tipo baratas tontas a desviarmo-nos sem saber bem para onde. Ok, é necessário por vezes passar com urgência, mas já estava na hora de criarem umas coisas menos barulhentas, não? Basta chamar a atenção do pessoal com um som diferente… não é necessário aquele festival todo de ruído. Também concordas?

Será que é mesmo necessário….?

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Quando fores grande o que queres ser?

Bom dia alegrias!

Pelo título, este post pode levar a pensar que é dirigido a crianças, ou a adolescentes. Mas não, este post é mesmo dirigido a ti. Ou melhor, é dirigido à criança eterna que há em ti.

Dentro de cada um de nós sempre haverá a essência da criança que fomos. Nuns poderá estar meio adormecida, noutros talvez de certa forma ignorada, ou na melhor versão para alguns, ela estará bem viva e pulsante, ávida de novas experiências.

No outro dia perguntavam à Clarinha, quando fores grande o que é que queres ser? E esta questão lembrou-me do tempo em que me perguntavam o mesmo a mim. Já não me lembro bem do que respondia na altura, mas sei que as minhas opções iam variando consoante aquilo que me atraia e despertava interesse no momento.

Hoje em dia com tanta oferta de especializações que existe, pode ser um caos escolher uma profissão, um curso, uma área de estudo. E a incerteza do sucesso na obtenção de um trabalho de acordo com o curso terminado, é tão grande que leva a que muitos jovens não saibam com clareza, o que querem ser quando forem grandes.

Já reparaste como tudo muda tão rapidamente? Quando os meus pais eram jovens havia a expressão “casar com o emprego”, ou “um emprego para a vida”, porque a pessoa mantinha-se no mesmo emprego até à reforma. Era uma espécie de estabilidade adquirida. Hoje, muitos terminam um curso e vão trabalhar numa área completamente diferente daquela em que estudaram. E ao longo do percurso laboral, a mudança de área continua.

Estas mudanças constantes não sinto que venham só de incertezas (económicas, financeiras, pessoais…), mas sim da procura pelo bem-estar e satisfação pessoal. Uns estarão focados na questão material e nos ganhos financeiros obtidos, outros estarão focados na procura de uma maior realização pessoal. A evolução mundial tem sido tão acelerada que permite e fomenta estas mudanças constantes.

Mas o que mais me deixa maravilhada no meio destas mudanças todas, é saber que existem empresas que continuam a contratar pessoas mais “crescidas”. É que se há uns tempos alguém com 40 e tal anos ou mais, estava fora do mercado de trabalho caso ficasse sem emprego, hoje em dia isso não acontece. E porquê? Porque dentro dessas pessoas “mais crescidas” a tal criança interior continua atrevida, viva e cheia de vontade de conhecer novas perspectivas. São pessoas com uma capacidade imensa de se reinventarem e recomeçarem de novo, com a mesma garra de uma primeira vez.

Quando fores grande o que queres ser?

Esta história do confinamento e do vírus veio dar vida a este nosso lado criativo e renovador. Quantos de nós ficaram sem trabalho durante esta fase e tiveram de “fazer pela vida”… e reinventaram-se pegando naqueles projectos antigos que estavam enfiados numa gaveta esquecida. E, entretanto, descobriram em si novos talentos, um ânimo pela vida e prazer naquilo que fazem, levando-os a sentirem-se completos e realizados.

E não é isto o mais importante? Sentir ânimo pela vida, sentir-se completo e realizado naquilo que se faz?

Aquilo que em criança queríamos ser quando fossemos grandes, pode não ter nada a ver com a realidade actual, mas no fundo o que desejávamos era que ao termos aquela “profissão” nos sentíssemos bem, realizados e com imenso prazer a fazê-la.

Esta capacidade de sonhar e imaginar, não está só à disposição das crianças. Ela deverá estar presente em cada um de nós, seja qual for a idade que possamos ter. Não há limite de idade para sonhar. Não há limite de idade para alcançar aquilo que no dá prazer. Não há limite de idade para nos sentirmos completos e realizados.

E mesmo que por vezes um caos possa surgir na nossa vida, e nos force a mudar sem mais nem menos de trabalho ou de profissão, é porque de alguma forma andávamos a ignorar as mensagens que o universo nos foi enviando, tentando chamar a nossa atenção para a necessidade de mudança de rumo.

Mudar para melhor não tem idade

O universo prepara sempre o melhor para nos oferecer e para o nosso bem. Nós estamos aqui na Terra, para nos descobrirmos e experienciarmos o melhor das nossas qualidades pessoais. Quando não damos ouvidos às mensagens que nos são enviadas, acontece-nos algo assim do género ou vai ou racha 😊 e muitas vezes, racha mesmo.

Ao longo da minha vida, o universo já me fez passar por algumas experiências do género. Houve caos, houve desanimo, houve não saber qual era o meu caminho. Hoje já estou mais desperta às tais mensagens; o que não quer dizer que não me questione. Por vezes questiono-me tanto que levo um empurrão dos meus amigos anjos. Mas olho para trás e vejo que do caos surgiram novas oportunidades e que tudo estava correcto e aconteceu no tempo certo.

É tão bom conseguirmos reinventarmo-nos. É bom descobrir novas qualidades e dons em nós. Dá-nos vida e ânimo, faz-nos sentir realizados e isso não tem preço. Esta é a verdadeira essência da vida: sentir prazer naquilo que fazemos.

Quando nos permitimos usufruir deste prazer conscientemente e com todo o nosso ser, tudo o resto flui à nossa volta.

Ao leres este texto, provavelmente já te identificaste com algum momento descrito. Qual foi a maior reviravolta na tua vida? Qual foi o teu maior desafio?

Se ainda estás em processo de mudança e adaptação, confia. Foca-te naquilo que o teu coração quer manifestar. E vais ver que mais cedo, ou mais tarde irás ter clareza sobre qual a direcção que deves seguir. E se entretanto, tiveres de mudar o rumo também está tudo certo. A vida é feita de conquistas e aprendizagens. Não há ninguém com sucesso na vida, que não tenha experienciado o erro, o caos ou o falhanço.

Há muitos anos que tenho um mantra que vou repetindo sempre que vejo algo, ou alguém bem-sucedido na vida:

Quando eu for grande, também vou ser assim.

Seja qual for a nossa idade, o “ser grande” não se limita a uma determinada fase da vida, mas sim à forma como nos sentimos ao vivê-la. Ser grande é termos em nós toda a luz, toda a vitalidade que nos faz amar a vida ao máximo. É sermos e sentirmo-nos completos e realizados com o que fazemos.

E tu, quando fores grande o que queres ser? Ou será que já és….. 😊

Agradeço a tua presença aqui no blog e desejo-te uma semana maravilhosa e muito iluminada.

Com amor,

Quando fores grande o que queres ser?_2