Continuando em modo Outono, a observar a suave transição de cor na natureza, com a paisagem a mudar lentamente, perdendo cor e volume, leva-me a pensar o quão fácil, ou o quão difícil é para nós humanos, mudarmos. Será fácil libertar? Ou será assim tão complicado despirmo-nos de preConceitos?
Desde os tempos de escola que me diziam que o Homem é um animal de hábitos. OK, tudo bem, desde que sejam hábitos saudáveis. Certo? Felizmente que desde lá, muita coisa mudou e a nossa consciência também. Adquirimos uma maior sensibilidade para o que nos faz bem, e para o que nos é nocivo, num vasto leque de comportamentos. As nossas opções de escolha para uma vida mais saudável, ampliaram-se significativamente.
Calar ou libertar?
Mas a nível emocional, ainda há muitas almas lindas que continuam presas ao que é “socialmente correcto”. Esta é uma situação que as impede de serem autênticas na sua forma de sentir e de se expressarem, mesmo na intimidade do seu lar, ou junto daqueles que lhe são queridos. Engolem as suas tristezas para não entristecerem os outros; calam a sua raiva, não vá alguém assustar-se com aquele lado mais agressivo; não partilham as suas dúvidas, preocupações e medos para não exporem a sua vulnerabilidade… e tantas coisas mais…
Mas sabias que calar todas estas emoções, causa bloqueios emocionais que se transformam mais tarde em patologias físicas?
Por exemplo, sabias que calar e não dizeres o que pensas ou acreditas no teu íntimo, é meio caminho andado para problemas na tiróide?
Sabias que uma raiva contida, pode causar dores de cabeça?
Bloquear as emoções, é como impedir um rio de circular livremente (o leito transborda), ou como uma panela de pressão sem válvula de escape (explode).
Expressar de forma saudável
Muitos de nós já integraram a prática de expressar as emoções de forma saudável e segura (já explico mais à frente do que se trata). É uma prática simples e que nos liberta dessas energias tóxicas que envenenam. Basta de ficar a “ruminar” (ou ignorar!) as emoções que nos roubam energia!
Mas muitos há, ainda, que não se sentem confortáveis em lidar com esse lado mais sombrio da nossa faceta humana. Tudo bem! Não têm de o fazer em público.
Ninguém tem de despejar a sua raiva em cima de ninguém, nem expor as suas fragilidades junto de quem não oferece o apoio saudável e necessário, nesses momentos.
Em clínica, deparo-me com muitas pessoas que manifestam alguma resistência em libertar estas tensões emocionais. Estamos assim perante aquela situação típica de empurrar a m€rd@ para baixo do tapete, o que não é de todo aconselhável. Causa alegrias!!
Tudo começa na nossa intimidade. O momento em que nos encontramos sozinhos e nos damos conta de como nos sentimos mal, e do desconforto que temos perante uma determinada situação desagradável que nos aconteceu. O que fazes nesse momento? Calas? Engoles? Fazes de conta que não é nada? Que há-de passar (um dia destes…)?
Não!!! Há que libertar essa emoção tóxica de forma saudável e segura!
Como? Simples, mas com 3 regras de ouro!
Como fazê-lo
- Não te magoares.
- Não magoares ninguém.
- Não estragares nada ao teu redor.
Se preferires fazê-lo sozinh@, faz. Começa por te habituares a confrontares-te com o teu lado escuro em privado, e a solta-lo à vontade. Com o tempo, poderás fazê-lo na presença de alguém, com quem te sintas à vontade e que te dará o apoio que necessitares para obteres melhores resultados.
Há várias formas de libertar emoções, umas mais “soft” do que outras. Deves escolher a que mais te convém no momento.
Estes são alguns exemplos:
Gritar – Chorar – Rasgar Papeis – Dar Murros (numa superfície suave, mas resistente) – Riscar Papéis (qualquer cor de tinta serve, mas o vermelho é mais indicado) – Bater com um Pau (atenção às regras de ouro!) – Correr – Torcer uma toalha turca – Bater com uma almofada (novamente aqui as regras de ouro!) – Partir Loiça (as regras, novamente!).
Ah, partir loiça…!
Esta é fantástica! Já reparaste naqueles “tarecos” velhos que tens lá por casa e que não usas? Servem perfeitamente para esta situação.
→ Pega num desses “tarecos” (um de cada vez).
→ Arranja um saco de papel resistente e coloca o objecto escolhido lá dentro.
→ Escolhe uma superfície resistente, mas dura.
→ Relembra a emoção/situação que queres libertar. Sente-a forte e a pulsar em ti, como se tivesse acabado de acontecer.
→ Agora, com convicção e com a intenção de libertares essa emoção, bate com toda a força com o saco na superfície escolhida para o efeito. Repete as vezes que forem necessárias. Se necessitares, troca de saco e objecto. (Relembra que o intuito é partir a loiça, sem deixar vestígios à tua volta).
→ Quando sentires que terminaste, agradece a acção. Agradece aos meios utilizados para o efeito. Agradece a ti própri@ pela coragem de libertares o que não te serve. E respira. Bebe água (ajuda a equilibrar as energias) e respira novamente.
No final de qualquer destas práticas, verás que te sentes muito mais leve e em paz. E isso não tem preço. O teu bem-estar é valioso demais, para ser desperdiçado.
E já agora, sabias que quando partimos algum objecto, estamos a quebrar um padrão que já não nos serve? Pois é! Já dizia aquele ditado “parece que não parte um prato e depois…”.
Não temos de “partir a loiça” toda em público. Podemos fazê-lo em privado! É mais tranquilo, não assustamos mentes incautas 😉 e mantemos a nossa sanidade em forma.
Quebrar ou partir significa libertar. Quando libertamos algo, abrimos espaço para novas energias entrarem na nossa vida. O Outono e o Inverno, oferecem-nos este momento de introspecção e meditação sobre nós próprios e percebermos o que precisa de ser mudado, para que quando a Primavera chegar, as nossas energias estejam restabelecidas e prontas para novamente florescermos e darmos frutos.
Agradeço a tua presença e desejo-te um dia leve e em paz.
Com amor, Teresa
Gratidão pela imagem: Oldiefan @Pixabay