Todos nós enquanto humanos manifestamos várias emoções. Mas sabias que as emoções são como um mar? São ondas que vêm. São ondas que vão. São ondas que voltam. A forma como gerimos esse mar na nossa vida é uma arte que devemos aprender, o quanto antes.
Eu gosto mais de chama-lo de oceano das emoções, pois o oceano é tão grandioso, como é a importância de manifestarmos as emoções com consciência.
Navegar nas emoções
Enquanto seres humanos temos 5 emoções principais: a Alegria, o Medo, a Raiva, a Preocupação e a Tristeza. Todas elas fazem parte de nós como tesouro de vida, pois é através delas que manifestamos os nossos sentimentos. Ora se nós nascemos com a capacidade de nos exprimirmos através das emoções, por que motivo nos ensinaram (e ainda ensinam…) a cala-las?
Sabias que ao calares a raiva, ela vai ter influência sobre o teu fígado? E que ao calares a alegria, ela vai ter impacto sobre o teu coração? Sim, é que cada órgão rege uma emoção! Quando essa emoção está em excesso, ou é silenciada, ela vai criar um desequilíbrio energético no teu corpo, que a médio ou longo prazo poderá conduzir a uma doença. É assim como uma onda que vai crescendo, e crescendo até que se manifesta no inesperado.
Quando éramos crianças, nunca nos ensinaram que ao reprimirmos a raiva, ou a tristeza podemos ficar doentes. É um tema que não faz parte dos manuais escolares.
Felizmente que aos poucos tem surgido uma onda de novas ideologias, que defende a expressão saudável das emoções. E isso é maravilhoso, pois ensina-nos como navegar nas nossas próprias emoções de forma consciente.
Na expressão saudável das emoções há 3 regras básicas e muito importantes:
– Não te magoes;
– Não magoes ninguém;
– Não estragues nada ao teu redor.
É um trabalho com foco no reconhecimento e depois libertação de emoções tóxicas de forma saudável, sem prejudicar nada nem ninguém. É libertador, pois induz a uma tranquilidade imensa, desenvolve a maturidade emocional e ainda tem a vantagem de não prejudicares ninguém, nem mesmo a ti própri@. É que isso de sentires raiva, só atinge uma pessoa: Tu!
Enquanto ser humano, recebi formação sobre como trabalhar as minhas emoções e como geri-las. Enquanto terapeuta, tenho ensinado muitos clientes a trabalharem as suas emoções. Não imaginas quantos adultos há, com emoções reprimidas desde a infância e que hoje em dia têm problemas que vão desde doenças físicas, a questões mais emocionais como o conseguir manter um relacionamento. São normalmente anos e anos a ignorar determinadas emoções, a calar e a serem aquilo que não são, com medo de “não ficarem bem na fotografia”.
As emoções são como algo que é cozinhado numa panela de pressão. Quando a energia gerada por uma determinada emoção que está ao rubro não é libertada, ela vai arranjar forma de sair, seja de que forma for. Já alguma vez te “saltou a tampa” numa determinada situação, e mais tarde percebeste que afinal não era preciso tanto? …Pois é disso mesmo que estou a falar.
Como mãe tenho ensinado os meus filhos a lidarem de forma saudável e positiva com as suas emoções. Aos mais crescidos, estes ensinamentos já foram passados na sua fase da adolescência, confiando-lhes coragem para terem a força necessária para os enfrentarem, sendo eu enquanto mãe, apenas um suporte ligeiro de orientação.
Na educação da minha filha mais pequenina (3 anos), tenho tido um papel mais de base e suporte ao seu crescimento. Desde cedo tenho criado o espaço para que ela se manifeste de uma forma emocional mais livre e consciente, seja em casa ou na rua, em família ou na presença de estranhos. Fico muito feliz por ver que outros pais o fazem também, com os seus filhos mais pequenos.
Quando a birra de uma criança se manifesta, é um processo que requer muito amor e muita paciência da parte do adulto (sobretudo quando se manifesta na rua, sob olhares alheios). Há que deixa-la chorar e manifestar o seu desapontamento perante uma contradição e percebermos sobretudo, o que levou a que ela se manifestasse. Há que deixar a onda da emoção acalmar e explicar o porquê da situação que a deixa zangada/desapontada, para depois encontrarmos em conjunto uma solução que beneficie ambas as partes. Há que nutri-la com muito amor – e quando falo de amor, não quero dizer fazer-lhe as vontades. Há que encontrar um equilíbrio. Há que manter esse equilíbrio, para que não comece desde pequenina a construir uma “panela de pressão”. Há sobretudo que transmitir clareza, pois é enquanto é pequenina que se forma a sua estrutura emocional, estrutura essa que irá servir de suporte a um adulto emocionalmente estável, cuja criança-interior é matura.
As ondas do oceano
Há também que deixa-la correr, pular e vibrar com a alegria imensa que a caracteriza. Uma criança pequena é uma montanha russa de emoções. Tanto está bem e mega feliz, como de um momento para o outro se zanga e parece o fim do mundo. Faz parte do seu desenvolvimento emocional. A nós adultos, cabe-nos a importante tarefa de a guiarmos de forma saudável e consciente, para que cresça feliz e saudável.
Da próxima vez que assistires a uma criança a correr e a pular de alegria, ou a chorar desalmadamente, aceita! Aceita o seu crescimento emocional. Se o tentares impedir, seja de que forma for, só vais estar a adiar ou a criar formas mais complexas (e menos saudáveis) de ela exteriorizar as suas emoções. Dá-lhe a atenção que ela necessita. Dá-lhe amor. Dá-lhe espaço para crescer e verás que irá ser um adulto brilhante.
Haverá momentos em que alguém irá apontar, criticar-te porque a criança que está contigo “não se comporta segundo as regras”. Também nesses momentos respira fundo, e aceita. Aceita que cada um está na sua onda, a navegar ao seu ritmo neste oceano imenso de emoções que a vida nos proporciona.
Neste oceano de emoções em que vivemos, nem sempre é fácil mantermo-nos estáveis face às ondas que vêm e que vão. Todos nós estamos em ondas diferentes de evolução, mas todos nós fazemos parte deste imenso oceano, que é a vida. Em caso de necessidade, ouve o teu coração, ele sabe o que é melhor para ti e esse é o melhor “colete salva-vidas” que podes ter.
Desfruta deste oceano imenso e maravilhoso.
Agradeço a tua presença,
Teresa
Gratidão pela imagem: @echaparro