Assim como muitos, fui educada numa sociedade que dizia “dos fracos não reza a história” e que incutia o espírito de sermos sempre fortes. Concordo que as dificuldades enfrentam-se face a face e com bravura, e dou graças por hoje em dia se lidar com as emoções de forma mais frequente e natural, e a aprendizagem da gestão das mesmas de forma saudável, para sermos sim, fortes, está a tornar-se uma pratica cada vez mais presente. Dou graças por aquela “cena” de enfiar a porcaria (para não dizer uma palavra “feia”…) debaixo do tapete e fazer de conta que está tudo bem, estar cada vez mais em desuso.
Uma das aprendizagens que mais me custou e me saiu das entranhas, foi a de constatar e depois verbalizar em voz alta, que não sou de ferro, não tenho pilhas duradouras e que sim, não aguentava mais, que estava frágil e que precisava de compreensão para o estado em que me sentia. Quem me conhece, sabe que sou como um pilar, que sou o pilar da família e por vezes, também daqueles que me rodeiam. Mas há cerca de pouco mais de um ano, tive consciência que tinha de abrandar, que tinha de rever as prioridades e cuidar de mim. O pilar que em mim existe estava com brechas e em vias de ruir.
Foi um acumular de situações que me foram desgastando energeticamente e a gravidez aos 44 contribuiu para uma maior dificuldade na recuperação das mesmas. No entanto, agradeço e continuarei a agradecer à vida, ao universo esta bênção de ser mãe novamente, num estado de consciência maior. Agradeço a clareza e a mudança que a maternidade gera na mulher. Gerar, dar à luz e criar um filho é das acções mais geradoras de mudanças. É um total abrir de alma e coração para aquele novo ser que surge na vida de uma mulher. É uma enorme mudança que ocorre desde o teu interior e se manifesta fisicamente. E é maravilhoso!!!
Como facilitadora de curas, estou habituada a ver estas situações de fragilidade e desgaste nos outros, sejam quais forem os motivos base, e a orienta-los para uma vida com maior consciência, para se auto-cuidarem e nutrirem. Eis que tinha chegado a minha vez. O momento de cuidar mais de mim, de estabelecer limites saudáveis, de dizer que sim a mim mesma, em primeiro lugar.
Na altura rodeei-me daqueles que me nutrem e que podiam re-erguer a energia que faz de mim um pilar. Nestes momentos, é de extrema importância ter não só um ombro amigo, mas que esse “ombro” seja capaz de elevar a tua energia, sem que haja espaço para alimentar o “coitadinho”, ou que haja espaço para que um “estado de vítima” seja gerado e alimentado. Recorrer a fármacos para ignorar, ou disfarçar o mau estar, é o caminho mais fácil. Mas não leva a lado nenhum. A raiz da situação presente vai continuar lá. É assim como enfiar a cabeça debaixo do chão, como a avestruz, na esperança que a “coisa” desapareça e se resolva sozinha. Não! Não vai, nem é esse o caminho. Não foi esse o meu caminho. Preferi as vias naturais e as terapias alternativas. Re-aprendi a cuidar mais de mim e a honrar as minhas necessidades.
Há que identificar a causa. Há que querer dizer basta. Há que preencher o “buraco” com aquele algo positivo que vai ser capaz de curar o que não está bem. Há que nutrir. Há que cuidar. Há que ser até mesmo, egoísta. E há que dar espaço, com muita paciência, para renascer (mesmo que das cinzas) tal e qual uma fénix e voltar a brilhar esplendorosa.
Dizer que sou/estou frágil, foi das maiores “shape shift” que a maternidade me trouxe.
Reconhecê-lo e afirmá-lo em voz alta, não me roubou energia, nem tão pouco poder. Muito antes pelo contrário. Trouxe-me muito mais capacidade de reconhecer as minhas fraquezas e de me empoderar com elas. Trouxe-me muito mais poder, sim! Poder sobre mim.
Se alguma vez te sentiste, ou se te sentes assim, cuida-te, observa-te, cria o espaço para te nutrires. Não permitas que o Calimero tome conta de ti. O Calimero era aquele ser dos desenhos animados, que dizia constantemente “coitadinho de mim”, “tudo me acontece”.
Cria o espaço para que a mudança de registo se manifeste em ti, procurando quem na realidade te pode ajudar a elevares-te e a brilhares cada vez mais, recuperando o teu poder e honrando a tua alma. E respira…!
Porque tu mereces o melhor, desejo-te a clareza e a iniciativa para reconheceres isso mesmo. Tem um dia excelente! Grata pela tua presença.
Teresa
Facilitador de curas, é aquela pessoa na forma de terapeuta, que não obriga ninguém a curar-se. Não induz a cura, mas sim abre o caminho e mostra as ferramentas, disponibilizando e facilitando os meios, para que seja a própria pessoa ao seu ritmo, a encontrar a sua cura, de forma duradoura e consistente.
Gratidão pela imagem: @aaronburden